A vida corre de vagar ou rápido demais se você não saber dar a real importância para aquilo que lhe é necessário. Seja aquilo que você quer ser para você... pois o ter vem da consequência do ser... Seja Elos do Tempo
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Não me sepultem na primeira quadra
Seu Pedro, um jornalista meu amigo, disse numa prosa bem feita, que queria ser sepultado na primeira quadra do cemitério... pretende continuar ouvindo os ruídos da cidade enfumaçada e barulhenta...
Já eu, não tenho esse gosto, não me apetece continuar ouvindo nada do que ouvi nesse mundo, pois foi o suficiente.
Na primeira quadra, é sempre onde ficam os corretores, os cambistas. Nisso, Seu Pedro tem razão. É exatamente lá que fervilham as ofertas para a negociação de uma passagem para o céu. O leilão é feito em nome de Jesus, em nome de Deus. Batem no peito para impressionar e nos bolsos para verem se estão sendo bem-sucedidos, se a prosa está convencendo.
Como não estarei mais em condições de pagar, o que aliás, mesmo em vida tive poucas, sei que minha presença ali só me trará contrariedades. Não poderei dizer nada... Eu que passei a vida dizendo tudo que sentia ao interessado, não posso correr o risco de ter que me calar quando mais tiver vontade de falar.
Como poeta que sou, o certo seria eu pedir que me cremassem e espalhassem as cinzas ao mar. Mas nem isso me apetece mais. Deixou de ser original, e eu sempre fui adepta da originalidade. Além do mais, o mar anda sufocado de tantas cinzas, nem sempre merecedoras do seu abraço. Coitado... Melhor poupá-lo.
Já recomendei, e volto a lembrar os responsáveis: - Não quero velório. Deixem meu corpo no necrotério o tempo usual, se for possível, mas sem aquelas lágrimas de crocodilo em volta. E as verdadeiras, não precisam derramar. Eu os absolvo dessa pena.
Não tem coisa mais chata do que velório! Principalmente para quem acha que TEM que chorar. E nem mais hipócrita. Além de custar os olhos da cara. Bah!
Portanto, amigos e inimigos, o que tiverem que fazer por mim, façam agora ou calem-se para sempre. Não esperem a minha morte para isso, pois darão com os burros nágua.
Eu sou do tipo que acredita na morte, tanto quanto na vida. E sei que a morte não será o fim, mas nada do que for feito depois dessa passagem, será de alguma valia para mim, portanto... mexam-se!
Quanto ao meu corpo... onde vão pô-lo? Em que quadra sepultá-lo? Danem-se. Isso é problema de vocês, não meu.
Eu não estarei mais nele...
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